Ela vem de família influente. Check. Ela é amiga de Taylor Swift e das irmãs Kardashian. Check. Ela poderia ser apenas mais uma celebridade que muitos invejam, mas ela é Cara Delevingne: uma mulher inquieta que recusa rótulos.
Em Jogo de espelhos, Delevingne revela mais um talento, a literatura. A sensação é de que ela aprendeu alguns truques com o amigo John Green. Assim como o autor, ela desenvolve personagens adolescentes complexos e de fácil identificação. Com estrutura simples e acessível, o livro tem humor, suspense e plot twists capazes de surpreender até os leitores mais atentos.
Prisão, pais ausentes, alcoolismo, bullying, automutilação, estupro, crises de identidade e conflitos de sexualidade são alguns dos temas abordados pela autora. O pulo do gato de Delevingne é saber equilibrar assuntos “tabus” com o bom humor inglês, o que ajuda o leitor a respirar em meio a tantas reviravoltas. Ela tem sensibilidade para retratar com franqueza a vulnerabilidade emocional e física de uma geração que gosta de se expor nas redes sociais e, ao mesmo tempo, tenta esconder suas fragilidades.
Ao mesmo tempo em que está sempre sorrindo e fazendo piadas, Delevingne não tem medo de expor medos e fraquezas.
Jogo de espelhos segue essa ideia: fala sobre abraçar a si mesmo e aos outros, independentemente das diferenças.
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